sexta-feira, 13 de abril de 2012

Perdão

Reconciliar-se com os adversários



 

Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pegares o último ceitil.” (Mateus, V: 25 e 26)


Há, na prática do perdão e na prática do bem em geral, além de um efeito moral, um efeito também material. A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos perseguem sempre com o seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objeto do seu rancor. Daí ser falso, quando aplicado ao homem, o provérbio: “morto o cão, acaba a raiva”. O Espírito mau espera que aquele a quem quer mal esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar, atingindo-o nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições.
É necessário ver nesse fato a causa da maioria dos casos de obsessão , sobretudo daqueles que apresentam certa gravidade, como a subjugação e a possessão. O obsedado e o possesso são, pois, quase sempre, vítimas de uma vingança anterior, a que provavelmente deram motivo por sua conduta. Deus permite a situação atual, para os punir do mal que fizeram, ou, se não o fizeram, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, deixando de perdoar.
Importa, pois, com vistas à tranquilidade futura, reparar o mais cedo possível os males que se tenham praticado em relação ao próximo, e perdoar aos inimigos, para assim se extinguirem, antes da morte, todos os motivos de desavença, toda causa profunda de animosidade posterior. Dessa maneira, se pode fazer, de um inimigo encarnado neste mundo, um amigo no outro, ou pelo menos ficar com a boa causa, e Deus não deixa ao sabor da vingança aquele que soube perdoar.
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, disse ele, enquanto não pagardes o último ceitil, ou seja, até que a justiça divina não esteja completamente satisfeita.

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
(Cap. X – Bem-Aventurados os Misericordiosos)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Benefícios da Desobsessão


Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente.


Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência quotidiana, seja em casa ou fora do reduto doméstico, e, ajuda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência.

Reuniões dedicadas à desobsessão constituem, bastas vezes, trabalho difícil, pois, em muitas circunstâncias, parece cair em monotonia desagradável, não só pela repetição freqüente de manifestações análogas umas às outras, como também porque a elas comparecem, durante largo tempo, entidades cronicificadas em rebeldia e presunção. Isso, porém, não pode e não deve desencorajar os tarefeiros desse gênero de serviço, de vez que nenhum pesquisador encarnado na Terra está em condições de avaliar os benefícios resultantes da desobsessão quando está sendo corretamente praticada.

Todos possuímos desafetos de existências passadas, e, no estágio de evolução em que ainda respiramos, atraímos a presença de entidades menos evolvidas, que se nos ajustam ao clima do pensamento, prejudicando, não raro, involuntariamente, as nossas disposições e possibilidades de aproveitamento da vida e do tempo. A desobsessão vige, desse modo, por remédio moral específico, arejando os caminhos mentais em que nos cabe agir, imunizando-nos contra os perigos da alienação e estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós, numa extensão que, por enquanto, não somos capazes de calcular. Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão.

Do livro “Desobsessão”-André Luiz – Psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tua Religião


Tua religião!
Em muitas ocasiões, perguntas se ela é, realmente a melhor.
Não precisas, porém de largar comparações.

Faze o exame da própria fé:
Se nas crises da vida, quando suplicas concessões especiais, em teu benefício, a tua religião te ensina que todas as criaturas são filhas do Criador, sem que te seja lícito exigir qualquer privilégio na Criação...

Se, nas atribuições de merecimento, quando rogas favores particulares para aqueles que te desfrutam os caprichos do afeto, a tua religião te aconselha a respeitar o direito dos outros...

Se, nas invasões da mentira, diante das perturbações que se distendem por gases envenenados, quando te inclinas, naturalmente, para onde te predisponham os ventos da simpatia, a tua religião te confere a precisa força moral para aceitar a verdade...

Se, no jogo dos interesses materiais, quando tentações numerosas te induzem a trapacear, em nome da inteligência, com vantagens pessoais manifestas, a tua religião te mostra o caminho do dinheiro correto, sem afastar-se do suor no trabalho e da responsabilidade no esforço próprio...

Se, nos dias amargos de humilhações, quando o orgulho ferido te sugere desespero e revide, a tua religião te recomenda humildade e abnegação com a desculpa incondicional das ofensas e esquecimento de todo o mal...

Se, nas horas de angústia, perante a morte que paira, inevitável, sobre a fronte dos entes queridos, quando a separação temporária te impele ao desânimo e a rebeldia, a tua religião te assegura a certeza da imortalidade da alma, sustentando-te a paciência e iluminando-te as esperanças...

Se, tua religião considera a felicidade do próximo acima da tua felicidade, convertendo-se em serviço incessante no bem, sob a inspiração da justiça, a tua religião é e será sempre uma luz verdadeira para o caminho, conduzindo-te a alma, degrau de entendimento e trabalho para as Esferas Superiores.

Se te declaras em ação, na Doutrina Espírita, efetivamente, a tua religião não pode ser outra. E, se dúvidas te avassalam o pensamento em matéria de crença e conduta, preconceitos e tradições, entra no mundo de ti mesmo e indaga da própria consciência qual teria sido, entre os homens, a religião de Jesus.

(Do livro Mãos Marcadas, Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

domingo, 1 de abril de 2012

Aborto de Anencéfalos


ABORTO DE ANENCÉFALOS
(Dr. INÁCIO FERREIRA)


“ANENCÉFALOS”

- Dr. Inácio, o senhor é a favor ou contra o aborto?
- Mais uma vez, repito: sou contra a prática do aborto indiscriminado.
- E a respeito do aborto dos chamados “anencéfalos”?
- Sou de parecer que, em semelhante discussão, a principal opinião vem sendo marginalizada, ou seja: a da mulher que carrega em seu ventre um “anencéfalo”!
- Então, o senhor acha que a opinião da mulher, em tais casos, deve prevalecer?
- Perfeitamente.
- Doutor, o assunto é muito polêmico... Afinal, o anencéfalo traz, ou não, em si, um espírito?
- Em geral, não. O que existe é apenas uma formação de natureza genética, em obediência ao automatismo das leis biológicas. Meditemos na questão 336, de “O Livro dos Espíritos”: “Poderia acontecer que uma criança, que deve nascer, não encontrasse espírito que quisesse encarnar-se nela?” Resposta: ‘”Deus proveria a isso. A criança, quando deve nascer para viver (destacamos), tem sempre uma alma predestinada: nada é criado sem um desígnio”!
- Se nada é criado sem um desígnio, o “anencéfalo” tem razão de ser?...
- É uma prova para os pais e um convite à Ciência a maiores estudos, mormente demonstrando que, de fato, a vida inteligente se concentra no cérebro, e, por conseguinte, na mente, que é o espírito!
- A mãe que carrega em seu ventre um “anencéfalo” não deve levar a gravidez a termo?
- Ela deve ter o direito de optar. Sinceramente, penso que neste caso a opinião dos homens deve ser a última a ser levada em consideração.
- O aborto de um “anencéfalo” não é um crime?
- Meu caro, Deus não dotaria a Ciência de recursos para transformar o homem num criminoso... Se hoje, através de exames sofisticados, a Ciência detecta o “anencéfalo” é para que, se for o caso, alguma atitude providencial seja tomada, pois, caso contrário, Deus seria um sádico: “Fique sabendo, mulher, que você carrega na barriga um filho sem cérebro, e que morrerá logo ao nascer...” Ora, você me desculpe, mas eu não entendo isto!
- Em “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos falam a favor do aborto apenas em um caso: quando a vida da mãe esteja correndo perigo...
- Você está levando em consideração a vida psicológica da mãe, ou apenas a vida física? E se a mulher, que carrega um “anencéfalo” em seu ventre, vier a cometer uma insanidade por conta disto – suicídio, por exemplo, como é que fica?!...
- O aborto de um “anencéfalo” não abriria um precedente perigoso?
- Você tem ideia de quantos abortos clandestinos são realizados por dia, no Brasil? O que os estudiosos dizem sobre a “pílula do dia seguinte”, que é abortiva?... Aproveito o ensejo para convidar os interessados a lerem o livro “A Lei da Reencarnação”, precioso estudo realizado pela nossa irmã Domingas.
- Em “O Livro dos Espíritos”, ou em outras obras da Codificação, os Espíritos não falam sobre o aborto de “anencéfalos”...
- “O Livro dos Espíritos” não fala num punhado de coisas! Você acha que tudo esteja inserido nele? O espírito encarnado também tem que aprender a raciocinar e assumir responsabilidades!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 17 de abril de 2012.



ANENCEFALIA
( JOANNA DE ÂNGELIS )

Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.

De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.

O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.

Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.

Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.

Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.

Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.

Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.

Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.

Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...

Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.

Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...

Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.

É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.

Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.

Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.

Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…

Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.

Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...

Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.

Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.

Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.

Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.

... E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.

Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...

A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.

As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.

Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?

O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…

Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.

Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias?

Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.

Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.



Joanna de Ângelis


Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 11 de abril de 2011, quando o Supremo Tribunal de Justiça, estudava a questão do aborto do anencéfalo, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia